Siga-nos





Especial

Os melhores no Brasil em 2023 – Rafael “raafa” Lima (4)

Ele liderou o principal time no Brasil na temporada e também impactou individualmente

O cenário brasileiro de VALORANT no ano de 2023 foi completamente dominado pela The Union, que conquistou as duas edições do VALORANT Challengers Brasil (VCB) e bateu na trave no VCT 2023: Ascension Americas, evento que levaria o campeão para a Liga das Américas em 2024, mas a equipe brasileira ficou na terceira colocação.

O grande fator para essa dominância da The Union foi aliar as grandes qualidades individuais dos atletas com um forte aspecto coletivo dentro do servidor, e Rafael “Raafa” Lima foi um dos pilares nessa construção.

Raafa em números no ano de 2023

Na função de Flex, o jogador teve KAY/O, Sage e Killjoy como os agentes mais utilizados na temporada. No ACS (Average Combat Score, ou Pontuação Média de Combate), Raafa registrou quase 187 de média, além de um de KD (Kills/Deathes) e quase 120 de dano médio por rodada (ADR). No KAST, estatpistica que engloba eliminações, assistências, sobrevivência por rounds e trade kills, ele teve 74.43%.

Além de somar colocar altos números estatísticos, Raafa exerceu o papel de capitão e líder desse elenco. Por conta de tudo isso, ele ocupa a 4ª colocação na lista do VALORANT Zone dos melhores jogadores no Brasil em 2023.

Arte/VALORANT Zone

O começo no Counter-Strike

O Rafael Silva de Lima nasceu no dia 28 de março de 1994, na região da Mooca, em São Paulo, e o primeiro contato com jogos eletrônicos foi o Winning Eleven (chamado de PES na atualidade), clássico jogo de futebol desenvolvido pela Konami e que dominava o gênero no fim dos anos 90 e começo dos anos 2000.

O jovem foi apresentado ao Counter-Strike 1.6 por um amigo, que o levou na LAN e mostrou a fypoolday, mapa clássico do FPS da Valve. Dali em diante, Raafa ficou “viciadíssimo” e passou jogar com grande frequência e sonhar com a possibilidade de virar profissional.

Foi uma coisa natural, na época do CS 1.6 existiam muitos campeonatos na LAN e eu fui em muitos desses com meus amigos/time, dali pra frente naturalmente fomos ganhando relevância e entrando em organizações.

Entretanto, com a chegada do CS:GO e o apoio oficial da Valve para os Majors nesta edição da franquia, o Counter-Strike 1.6 foi “morrendo” entre 2011 e 2012. Por detestar a nova versão, muitos jogadores abandonaram a franquia, entre eles o Raafa, que não tinha um computador para rodar o jogo, e foi se aventurar no League of Legends (LOL).

Quando o CS 1.6 “morreu”, dei um tempo de FPS e me dediquei um tempo no LOL, cheguei a jogar alguns campeonatos online e representar algumas organizações também. Depois que dei um upgrade no PC, voltei a jogar CS.

Com a volta pro Counter-Strike, Raafa chegou a jogar campeonatos por tags e organizações, como Black Dragons e ProGaming, entre 2015 e 2016. Porém, o próprio jogador destaca que a primeira organização mais profissional, com salário e estrutura, foi a W7M no fim de 2017.

Foto: Lucas Spricigo/DRAFT5

Durante esses quase cinco anos, Raafa se consolidou como um dos melhores capitães no cenário nacional e liderando equipes para lutar nos principais eventos no Brasil. Neste período, ele conquistou Liga Profissional da Gamers Club (atual Série A), Brasil Game CupLA League Season 4 e CLUTCH Season 2.

Foi meu maior aprendizado de vida, de como lidar com situações e diversas opiniões distintas. Relacionamento de pessoas e praticamente todos meus grandes amigos vêm desse tempo. A parte do relacionamento de pessoas foi a coisa que eu mais aprendi nesse tempo, saber conviver e entender diferentes pontos de vista e conseguir focar tudo isso em um objetivo só. Sempre dei o máximo de mim em todos os meus projetos e acho que por isso me mantive em um nível alto por tanto tempo.

Um novo rumo em 2022

A migração do Counter-Strike para o VALORANT aconteceu apenas em fevereiro de 2022, dois anos depois do lançamento oficial do jogo, em 2020. Raafa revela que jogou bastante desde o lançamento, mas por conta dos campeonatos que disputava no Counter-Strike, sempre foi postergando a migração.

Por curtir muito FPS e muito LOL, achei o jogo muito divertido. Acho que as habilidades dos agentes foi uma coisa que eu demorei pra tirar 100%, ainda me adapto muito a tudo de novo que o jogo tem a oferecer, mas esse ponto eu demorei um pouco pra me acostumar e me adaptar.

Raafa está só a dois anos como profissional de VALORANT, mas parece que está a mais tempo, pois o jogador viveu logo de cara algumas experiências diferentes. A ascensão do capitão foi rápida, começando pela tag Renegados, pouco tempo depois mudando para a Liberty, uma das principais equipes do cenário naquela época, e já estava com a camisa da The Union no fim da temporada.

Foi tudo muito rápido, na época que entrei na Renegados nem chegamos a treinar, só jogamos um campeonato e pronto. A Liberty foi onde realmente eu fui inserido no jogo e comecei a absorver muita coisa pra aprimorar as coisas que eu já sabia. Eu aprendi muito, eu mais ouvia do que falava, tentava entender como as habilidades funcionavam, como os melhores times viam o jogo e criava na minha cabeça um plano pra ganhar deles.

Foto: Bruno Alvares/Riot Games

Raafa passou seis meses na Liberty, entre abril e outubro de 2022. Além do crescimento individual, ele ajudou a organização a chegar no VALORANT Challengers Brasil Stage 2, principal evento da modalidade no Brasil e que dava vaga no campeonato internacional (Masters). O desempenho não foi dos melhores, o time foi eliminado na fase de grupos; a Gamers Club Elite Cup foi o último compromisso de Raafa com a Liberty.

Projeto The Union

Em setembro, a Liberty recebeu a notícia de que não foi escolhida para entrar nas franquias da Liga das Américas no VALORANT, que iniciou em 2023, então a organização liberou os jogadores a escutarem outras propostas. Foi aí que iniciou o casamento entre Raafa e The Union, que havia ingressado em julho no VALORANT.

Eu já estava conversando com os moleques da Union há um tempo, trocando ideias de jogo com o Peu há um bom tempo. Eu sabia que na Liberty não conseguiria colocar muita coisa que eu pensava em prática, então estava procurando um lugar pra isso.

Foto: Bruno Alvares/Riot Games

Na The Union, Raafa reencontrou Ilan “havoc” Elo, já haviam atuado juntos na Renegados. Entretanto, o projeto foi montado do zero pelo treinador Pedro “peu” Lopes, responsável por escolher as peças desejadas e foi quem chamou Raafa para liderar a equipe; os dois já se conheciam da época do Counter-Strike.

Sempre mantive contato com o Peu e conversávamos sobre o jogo, sobre como colocar em prática tudo que a gente sabia sobre o CS no Valorant. Acho que até hoje ainda não conseguimos colocar 100% das nossas ideias em prática, mas só de ter esse conhecimento já nos dava uma vantagem sobre os outros times. Peu já vinha trabalhando com os meninos durante um ano inteiro, inserindo as ideias para colocarmos em prática. Quando eu entrei no time era tudo muito confortável pra mim, parecia que todos já estavam preparados para as ideias que eu tinha pra passar, por isso foi muito rápido (entrosamento da equipe).

Sem tempo para errar

O elenco da The Union se juntou em outubro de 2022 e o tempo era curto, porque em dezembro já tinha o classificatório para o VCB Split 1 de 2023. Portanto, o ano de 2023 seria jogado já naquele mês de dezembro, caso o resultado fosse negativo, a equipe teria um calendário escasso de partidas.

Tivemos um problema com o havoc, ele jogou bem lagado o primeiro qualificatório e deixou a gente com a ‘corda no pescoço’ para o segundo.

Apesar do problema que fez o time cair na primeira seletiva, a The Union se recuperou na segunda seletiva e foi para o classificatório fechado; lá, o elenco desempenhou um jogo sólido e garantiu uma das quatro vagas disponíveis para o VCB Split 1 de 2023.

Após as festas de fim de ano, a The Union voltou a treinar para o campeonato que começava em 18 de janeiro. O campeonato foi equilibrado, mas a The Union passou em primeiro na fase de grupos, varreu a tabela winner dos playoffs e chegou na decisão para superar a Vivo Keyd.

Conhecimento e vontade (fatores determinantes para o título), fomos taxados como um dos piores times do campeonato, isso deu uma vontade a mais de mudar essa perspectiva do público, mas já sabíamos que tínhamos nível para sermos campeões.

Foto: Bruno Alvares/Riot Games

Mudança obrigatória e mais um título

Pouco tempo depois, a equipe sofreu uma grande baixa na escalação. Havoc estava enfrentando problemas pessoais e acabou sendo afastado para cuidar da saúde; a organização teve que correr para achar um substituto em meio ao segundo split do VCB 2023. De acordo com Raafa, essa saída de Havoc pegou a equipe um pouco de surpresa, embora já sabiam da possibilidade por conhecer os problemas vividos pelo companheiro. Estevão “Askia” Ferreira foi o escolhido para ser o substituto.

Askia já era um jogador que a gente tava de olho no início do ano, flexível, mirudo e tinha muita vontade de vencer. Conversamos com ele sobre ser o sexto player no início do split, mas não tínhamos nada pra oferecer pra ele, então preferimos deixar ele se desenvolver mais e mais jogando os campeonatos menores, quando precisamos dele ele foi muito rápido e se prontificou na hora. Com o Askia, sabíamos que tínhamos que mudar algumas coisas, mas o nível se manteria forte, a função dele era muito simples e ele tava confortável pra exercer-lá.

O que poderia ter um impacto negativo e fazer o time cair, na verdade, foi totalmente o contrário. A The Union dominou o segundo split, passou da fase de grupos em primeiro com 7/0 de retrospecto, atropelou os adversários nos playoffs, sem perder um mapa, e conquistou o título de maneira invicta.

Quando aconteceu a mudança, a gente fechou ainda mais o time e priorizamos muito nossa dedicação, sabíamos que isso ia dar um gás a mais para outros times ganharem confiança de nos vencer. Acho que o time lidou bem com isso e nos fechamos bem para manter um nível alto.

Com o bicampeonato, a The Union garantiu a vaga no VCT 2023: Ascension Americas; o campeão entraria na Liga das Américas no circuito mundial de VALORANT em 2024. Os brasileiros fizeram uma boa campanha, chegaram na final da tabela winner, onde perderam para a The Guard e foram eliminados da competição pela M80 na final lower.

Posso dizer que demos nosso máximo com os recursos que a gente teve, mas não conseguimos jogar 100% nos jogos no Pacaembu. Poderíamos e deveríamos ter desempenhado melhor nesses jogos, mas faz parte, tentamos e é isso que importa.

Foto: Bruno Alvares/Riot Games

O futuro como UNIÃO

Apesar do ano brilhante, Raafa e o elenco receberam uma notícia nada agradável. Por “falta de perspectiva” com relação ao futuro do competitivo no país, a The Union deixou o VALORANT, o que deixou os jogadores incomodados, porque “tínhamos acabado de renovar um contrato longo e estávamos contando com isso“. O time escolheu permanecer junto e vão atuar como “UNIÃO” até encontrar uma nova organização.

Estamos conversando com algumas organizações e apresentando o projeto da mesma forma que fizemos com a Union, nosso foco não é farmar grana e nem nada do tipo. Queremos vencer o Ascension e quem acreditar e confiar em nós, vai ter o melhor de um time, que é a dedicação e transparência.

A única mudança é em relação a Lucas “ntk” Martins, que não seguiu junto do time e foi substituído por Douglas “dgzin” Silva, ex-jogador da FURIA. Raafa explicou a mudança na line-up e acredita em um 2024 ainda mais desafiador para eles.

Ntk tinha um perfil diferente do que a gente buscava pra dar um próximo passo, ele sempre performou bem, mas para o que a gente queria no momento não fazia sentido com a personalidade e estilo dele… Os times já nos conhecem e sabem o que esperar de nós, mas nós temos confiança que vamos fazer um bom trabalho.

Raafa também falou sobre como enxerga o atual momento do VALORANT, principalmente após os comentários de Leo Faria, head global de VALORANT da Riot Games, que geraram revolta da comunidade.

Nunca vou concordar que o VCT Americas é uma liga brasileira porque não é, nenhum brasileiro concorda com isso. É uma liga americana que fortalece apenas o cenário NA e mata o celeiro brasileiro e LATAM. Como empresa pode ser que dê certo para eles, mas para mim, como brasileiro, é uma coisa ruim.

Por fim, o VALORANT Zone pediu para o capitão listar algguns jogadores que ele vê com chances de estourar no futuro e se tornar estrelas brasileiras no FPS da Riot Games: “Os jogadores mais promissores do momento são Sato, Spike, Blowzin e Askia“.

Quer ficar por dentro de tudo o que acontece no mundo do VALORANT? Então, siga o VALORANT Zone nas redes sociais: TwitterFacebook e Instagram.

Gamers Club
Parceira OFICIAL da RIOT GAMES no Brasil e tem como objetivo fomentar o cenário competitivo de VALORANT, com campeonatos e guias para você ter a melhor experiência.
Conheça a Gamers Club
Anúncio

Veja mais